Já está a dar os primeiros passos o projeto internacional Marimba, resultado das candidaturas ao PROCULTURA, ação do programa PALOP-TL e EU, financiada pela União Europeia, cofinanciada e gerida pelo Camões – Instituto da Cooperação e da Língua, de Portugal.
Esta iniciativa sem precedentes entre países lusófonos assenta na premissa de que a inovação e a criação artísticas têm como recurso base o património imaterial, e que o seu conhecimento e divulgação promovem o desenvolvimento artístico, cultural e socioeconómico das nações.
Segundo o comunicado de imprensa enviado à Moz Entretenimento, o requerente principal do projecto é a produtora e agência musical portuguesa Soundsgood, sediada em Lisboa, e com vasta experiência no trabalho de valorização dos artistas dos PALOP-TL (Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa e Timor Leste) e Brasil nos mercados internacionais.
O projecto conta ainda com o apoio ativo de um conjunto de artistas reconhecidos internacionalmente e que representam as expressões musicais dos vários países parceiros participantes.
Estes “embaixadores” terão como principal função incentivar e motivar a participação de jovens artistas, enquanto elementos aglutinadores e motivadores, assumindo-se igualmente como rostos do projeto Marimba junto da comunicação social e do público em geral: Paulo Flores (Angola), Nástio Mosquito (Angola), Manecas Costa (Guiné- Bissau), Stewart Sukuma (Moçambique) e Etson Caminha (Timor-Leste).
Os parceiros envolvidos resultam da capacidade de, nas últimas décadas, terem contribuído para a transformação das dinâmicas socioculturais dos países onde desenvolvem as suas atividades. Além disso, serão os dinamizadores locais e em rede da filosofia e valores do projeto.
No final do projeto, pretende-se que haja a criação de empregos com um foco nas mulheres empreendedoras, de forma a corrigir os desequilíbrios de género no campo musical destes países.
O projecto atuará de forma integrada em todos os elos da cadeia de valor do setor da música, enquanto projecto de intervenção socioeconómico no campo musical, desde a formação à internacionalização de produtos musicais. Contemplará a distribuição de várias obras, tais como:
Edição de discos: 11 coletâneas genéricas e/ou de autores/intérpretes históricos;
Publicação de songbooks: 4 songbooks de compositores de relevância;
Edição e tradução de livros sobre a música dos PALOP + TL: 2 livros de investigadores de referência.
Centrando-se prioritariamente na área da música, o projeto pretende promover o conhecimento e a valorização do património musical dos países participantes, nas mais variadas valências: a sua pesquisa de acervos musicais pré-existentes – em particular os produzidos no período entre 1945 e 1986 – quer em gravações de campo, quer a digitalização dos acervos nacionais, sua promoção e distribuição internacional, obedecendo a todas as regras relacionadas com o direito de autores e promoção financeira dos artistas, comunidades e indivíduos.
Tendo em conta o estado de conservação e preservação dos acervos musicais destes países muito diferentes, duas abordagens são aqui importantes:
Em Angola e Moçambique apostar-se-á numa pesquisa exaustiva sobre os arquivos existentes nas instituições do Estado, como rádios nacionais e arquivos privados; na Guiné-Bissau e em Timor-Leste haverá um trabalho mais intensivo de pesquisa na recolha de sonoridades musicais no terreno (gravações de campo), contando com a contribuição de peritos técnicos ligados à academia desses países e peritos internacionais, sobretudo nas áreas da antropologia e da etnomusicologia.
O Marimba pretende ainda incentivar a criação artística contemporânea de jovens músicos dos países participantes, de forma a contribuir para o resgate das suas identidades culturais, a dignificação do seu estatuto artístico, a divulgação das suas obras e a promoção das suas carreiras à escala internacional, fomentando em particular o acesso das jovens mulheres dos países participantes à profissionalização em sectores criativos.
Este projeto dará assim especial atenção aos desequilíbrios de género do campo musical, pretendendo criar empregos junto das jovens mulheres, historicamente arredadas da produção musical.